Ancestrais 32 - Ancestrais Indígenas
- Thiago Gonçalves de Lins
- 10 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de nov. de 2024
De onde vem meu sangue indígena?
Nesse trigésimo segundo capítulo - Ancestrais 32 - irei escrever sobre os meus ancestrais indígenas.

Sempre foi muito claro para mim: tenho sangue indígena! Em conversas familiares destacamos que a vovó Enedina era descendente de índios. Minha bisavó Leopoldina e principalmente sua irmã Dodoca (Dovirgem Ribeiro de Lima) carregavam alguns traços que não nos deixavam dúvidas.
Me recordo vagamente da Dodoca - ela faleceu quando eu tinha apenas 3 anos. Nas fotos, sempre achava ela parecida com um Sioux, só lhe faltava um belo cocar! Sim, eu sei que a minha descendência indígena não é com o povo Sioux, habitantes exclusivamente da América do Norte. Mas então, qual povo? Fiquei em dúvida entre o Laklãnõ e o Kaingang. Avancei nas pesquisas tentando encontrar de qual dos dois povos eram os meus ancestrais.
Uma excelente fonte de pesquisa foi o artigo "Frentes de expansão e povos indígenas em Santa Catarina", de Wilmar R. D'Angelis. Sabendo que os meus ancestrais viveram no topo da Serra, entre São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Urubicí e Urupema, primeiro, localizei qual/quais povos viveram no local.


O primeiro mapa nos dá uma ideia da distribuição dos povos indígenas em Santa Catarina à época da chegada de Pedro Alvares Cabral em 1500. O segundo destaca a população indígena em meados do século XIX, já influenciados pela presença do homem branco.
Os povos Laklãnõ e Kaingang até se encontravam em certas regiões mas, os Kaingangs se concentravam em sua maioria na região Oeste do Estado, tentando assim, minimizar os conflitos. Os Laklãnõ se distinguiam pela forma muito mais violenta de defesa.
Com base nos mapas de distribuição dos povos originários, meus ancestrais indígenas eram do povo Laklãnõ.
Verificando as certidões de batismo da Igreja Matriz Nossa Senhora dos Prazeres (Lages), notei que foram muitos os indígenas capturados nas redondezas da vila de Lages entre o final do século XVIII, início e decorrer do XIX. Inúmeras "batidas no mato" foram organizadas, afim de espantar e afugentar os índios. Jornais da época tratavam os povos originários como "bárbaros" e "selvagens", um estorvo para o desenvolvimento.
Foi por volta de 1840 que nasceu minha tetravó Leopoldina Maria de Jesus. Ela era filha de Anna Maria de Jesus (Laklãnõ) e pai branco. Ela casou com Francisco José de Oliveira - também chamado de Chico Missão, natural de São Francisco de Paula no Rio Grande do Sul. Na época do casamento (final da década de 1850), a família já residia na região do Bom Sucesso, Urubicí, na margem Norte do Rio Lava-Tudo. Uma região com altitude acima dos 1500 metros.

Em vermelho (destacado) é a região do Bom Sucesso / 1. Urubicí, na época a região fazia parte dos Campos de Lages
Foi nessa região que no início da década de 1860 nasceu minha trisavó Francisca Maria de Oliveira. Ela casou no dia 29 de agosto de 1878 com Manoel Ribeiro de Lima, ele, filho de Manoel da Silva Ribeiro e Emiliana Maria Gonçalves de Lima.

Registro de casamento de Manoel Ribeiro de Lima e Francisca Maria de Oliveira
Conforme pude notar, meus ancestrais indígenas viveram por quase um século com, ou próximos, da família Silva Ribeiro na região do topo da Serra.
Entre os treze filhos já localizados de Manoel e Francisca, está minha bisavó Leopoldina, sendo ela, bisneta de Anna Maria de Jesus - indígena Laklãnõ.
Como sabemos, os povos originários foram praticamente dizimados! Mas a crueldade não ficou no passado, pois, atualmente nos deparamos com atos de genocídio contra esses povos.
Hoje, temos apenas resquícios da passagem dos povos originários pela Serra Catarinense, mas, em minhas veias corre o sangue do aguerrido povo Laklãnõ!
Minha ascendência Laklãnõ:

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